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Inventor de sonoridades

Equipe Lugar Desenhado

 

Edson Zacca carrega a alma do Clube Osquindô a partir do som. Figura importantíssima para o Laboratório de Áudio na Passagem, o Zacca é também compositor e guitarrista da banda Seu Juvenal - a banda mineira de rock que nasceu em Uberaba e que hoje movimenta, principalmente, as cidades de Ouro Preto, Mariana e Itabirito. Traz na alma as marcas dos anos 1990, uma época inspirada por muito rap, poesia e punk rock. É, assim, um cara que sai de Uberaba, no Triângulo Mineiro, onde nasceu, e que depois passa a viver na região de Ouro Preto e Mariana, atuando em especial no Laboratório de Áudio na Passagem, no distrito de Passagem.

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Sonhou e realizou muito. Ainda jovem, faltando apenas um ano para terminar o curso de Psicologia, viu o Chico Science e Nação Zumbi na cidade de Uberlândia. Descobriu, naquele exato momento, que não podia se entregar a outra coisa que não fosse a música, o som do mundo. Então largou tudo. Saiu de casa e foi morar com uns amigos numa república. Mas aí fez outra descoberta: para realizar todos os sonhos que tinha – todos eles atravessados pela música – era preciso sair também daquela cidade.

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Quando olha para o passado, percebe que, no fundo, a música sempre esteve presente na vida dele. “Eu era músico amador desde novo, porque a família da minha mãe, meu avô e minha avó maternos criaram oito filhas e dois filhos com música. Ela era violinista, ele era afinador de piano, músico, maestro. Na família da minha mãe sempre existiu essa coisa com a música”, explica. 

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Lá mesmo, em Uberaba, o Zacca começou a tocar numa banda de rock originária de um grupo de jovens artistas que se autodenominavam “geração Desemboque”, do underground artístico da região. E estava ali o embrião de outro grupo. “A gente criou a banda Seu Juvenal, que nasceu na geração Desemboque. Já estamos com o sexto álbum, já tocamos na Europa, já fizemos o escambau, mano. Já rodamos pra caramba com a banda.” Hoje, além do Zacca na guitarra e na composição, a banda Seu Juvenal ainda conta com o irmão dele, o Renato Zacca, na bateria, o Fabiano Minimim no baixo e o Bruno Filho no vocal. 

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Mas como foi esse caminho de Uberaba a Ouro Preto? É que o Zacca sentia que precisava se encaixar de alguma forma no mundo do trabalho, para correr atrás do que queria. Com 26 anos, então, passou a se dedicar ao campo da Automação Industrial, depois de se formar pelo SENAI, e então passou a trabalhar como técnico. Foi assim que conseguiu um trabalho em Ouro Preto, depois de mandar seu currículo para uma empresa da região Inconfidentes. A cidade de Ouro Preto, para a alegria dele, tinha um curso de música – e era o que ele queria. 

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O ano era 2000 e o campo da informática vivia uma espécie de boom por causa da internet. Já em solo ouropretano, o Zacca teve a oportunidade de vivenciar o curso livre de música, mas se desiludiu. Sentiu que tinha “romantizado” as coisas. Mas essa decepção não foi de todo ruim, porque, aí, ele fez descobertas importantes. Por exemplo, que, mais do que um instrumentista, ele queria mesmo era ter uma função técnica, que o permitiria lidar com equipamentos de som, com equalizações, mixagens etc.

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Essa descoberta acabou conduzindo o Zacca para a Bituca, a Universidade de Música Popular de Barbacena, criada em 2004 pelo grupo Ponto de Partida. Lá havia um curso de engenharia de áudio e produção musical. Foi quando ele pôde estudar nesse campo, quando conheceu uma variedade de coisas e, de quebra, ainda fez um curso de Livre Teatro. 

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As idas e vindas nessa área é que fizeram com que ele se encontrasse com o Toninho – que, nessa época, já dirigia a Planeta Cultura. É bom registrar, aqui, que a Planeta Cultura & Sustentabilidade articula, há pelo menos 20 anos, diversos programas de relacionamento entre empresas e suas comunidades-alvo. As ações desse grupo abrangem as áreas sociocultural e ambiental dos lugares a partir da atuação dessas empresas e das comunidades envolvidas. Então, de olho no trabalho técnico do moço de Uberaba, o Toninho o contratou como TI. Com o tempo, descobriu também a ligação do rapaz com a música. E aí pronto: o Zacca também passou a fazer músicas, a participar das criações que alimentavam as turnês de eventos culturais coordenados pelo Toninho, e a se ocupar das técnicas de áudio, entre muitas outras tarefas. Por isso, aliás, ele tem uma ligação estreita com o Fernandelli, que também é figura marcante do Laboratório de Áudio. 

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Ali o Zacca ensinou muita coisa à comunidade: deu aulas de técnicas de áudio, cuidou de produção de vários produtos – músicas e podcasts, entre outros, que entraram em circulação no mercado. Passou, então, a participar também de processos ainda mais criativos – da formação de bandas até a produção musical, passando pela criação e coordenação de uma série de cursos que contemplavam a comunidade. “Quando toda essa parte de estúdio começou a funcionar, eu passei a dar aulas aqui [no Laboratório de Áudio do Espaço Lunática. Eu cheguei a ter muitas turmas, com gente do Jornalismo e da Música”, lembra.

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Hoje o Zacca se sente como se fosse uma extensão do Laboratório, com todos aqueles equipamentos de som. “Acho que esse espaço aqui, principalmente... E essa casa, especificamente, passou muito pela pelas minhas ideias... Porque o laboratório de áudio veio muito dessa minha demanda voltada para as técnicas de áudio, né”, diz ele, até hoje encantado pelas sonoridades do mundo.

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Ilustração: Maria Cecília Quadros​

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